28 de julho de 2014

A vida não é um até já


Um dia achei-me dono das mais intermináveis e formosas palavras que preenchiam qualquer parede branca, qualquer vazio de tempo a necessitar preenchimento, qualquer flor sem cor, qualquer rio sem corrente. Sempre achei que uma piada improvisada resolveria uma situação mais tremida, uma lágrima mais sentida, uma esperança esmorecida.
Dói-me não escutar mais a tua voz, ainda que fosse para me impingir comida (oh, como tu o fazias bem), dói-me que nunca me vejas ser homem, que as palavras agora me custem, que as páginas vazias sejam agora paredes brancas e já não me escutem. Hoje, são só a certeza que a mais terrível dor não lhes cabe. São agora meros borrões em tela, são elas a prova que perdi esta rede que supostamente ampara, que perdi as letras, sílabas e palavras, que te perdi a ti.
Não sei onde estás, ou se estás… Só queria um beijo no rosto, uma certeza de te ter… aqui, comigo, connosco.
7 meses, amo-te avó.