Tenho
saudades tuas sabes? Saudades desse teu cheio, do teu abraço apertado e da
vontade de ter junto de mim, mesmo nos dias mais quentes, de te beijar ainda com
água salgada a percorrer-te os lábios… É, sinto saudades, sinto mesmo… saudades
das noites mais frias, dos mesmos lugares para onde ir, das conversas nunca
repetidas e dos melosos sussurros.
Acredito ainda que não mudaste, que tens dentro de ti aquela menina que
conheci, defensora do mundo, difícil de perceber mas que eu já entendia tão
bem. É incrível como a saudade bate quando te leio a mente, desculpa a ousadia.
Vendo bem, ainda nada mudou, continuo o mesmo cobarde de sempre, que receia a
palavra, o sorriso, até mesmo o convite que prevejo que receies. Tu também tens
um pouco do que eras, notei. Essa forma de me mandar à merda sempre foi tão
subtilmente tua. Vou sorrindo com o que escrevo e vou lembrando, serás ainda
tão louca como tímida?
Por vezes sinto que me arrasto e arrasto o tempo comigo na esperança de que
tudo um dia dê certo e junte por fim as peças, mas é nestas minhas caminhadas que percebo que mais uma vez sou cobarde, não sei se te arraste comigo ou se para
ti a estrada chegou ao fim. Neste dilema acendo um cigarro à tua porta,
queimando-me tão lentamente sobre as promessas e oportunidades que gastei. As memórias lembram, o futuro tarda e as saudades não passam. Tu sabes do que falo, não sabes? Falo da guerra que o sono perdia contra a
vontade de ti, hoje não foi diferente.
Não vale contar, só viver? Contei demasiado sem viver.